10 de fev. de 2015

Mulher se muda para fugir da violência e acaba morta no novo endereço

A garçonete Marinalva da Silva, 38, queria proteger seu filho dos assaltantes. No último ano, Rafael da Silva, 19, foi roubado quatro vezes. Ironicamente, ela –mãe solteira– acabou morta por uma bala perdida durante perseguição após um assalto dar errado. Marinalva achava que o Jardim Maria Olinda, bairro pobre da zona sul paulistana onde morava com o filho único, era um lugar ermo, inseguro. Ali, sua família seria sempre alvo fácil de criminosos.

Há dois meses, Marinalva encontrou a solução para não sofrer mais nas mãos dos bandidos: mudou de bairro, e foi viver na frente de um ponto de ônibus no Campo Limpo (também na zona sul). Para a garçonete, a parada do coletivo, movimentada durante o dia e à noite, inibiria os assaltantes.

"Ela queria fugir da violência, queria um lugar que passasse muita gente", conta Gilberto da Silva, 39, também garçom, na frente do IML onde o corpo de Marinalva, sua irmã, passava pela necropsia. "Mas ela saiu de um bairro violento e foi para um lugar maldito, onde tiraram a vida dela", lamenta Gilberto, que na tarde de ontem agilizava documentos para enviar o corpo da irmã a Pedro II, cidade do Piauí onde os dois nasceram.


BALA PERDIDA

Na madrugada desta segunda-feira (9), cinco homens tentavam roubar um caixa eletrônico no Campo Limpo. Iriam explodi-lo. Policiais militares da Força Tática chegaram ao local, por meio de uma denúncia. Houve troca de tiros e os bandidos fugiram de carro pela avenida Carlos Lacerda, via onde Marinalva morava. Naquele momento, a garçonete voltava do trabalho na garupa da moto de uma amiga, Isabel Soares, 34. As duas trabalhavam juntas em um restaurante nos Jardins (zona oeste). Outro grupo de policiais, agora da Rota (tropa de elite da PM), perseguiu o carro dos criminosos –um Ford Focus.

Outro tiroteio começou. Um dos disparos –não se sabe se da PM ou dos suspeitos– atingiu as costas de Marinalva, que morreu. Após perfurar a garçonete, a bala perdida atingiu a amiga Isabel. Socorrida, ela não corre risco de morrer. Na perseguição, um dos bandidos levou um tiro, não resistiu e morreu. Um dos policiais ficou ferido no olho com estilhaços de vidro. O caso agora será investigado pelo DHPP (departamento de homicídios) porque há envolvimento de policiais na ocorrência.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública diz que prendeu 173 pessoas em 2014 acusadas de explodir caixas eletrônicos em todo o Estado de São Paulo. Diz, ainda, que a Polícia Civil investiga quadrilhas que atuam nesse tipo de roubo.


Fonte site folha.com.br

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